[resenha] A Culpa é das Estrelas


"(...) Não posso falar da nossa história de amor, então vou falar de matemática. Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros.



 Um escritor de quem costumávamos gostar nos ensinou isso. Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Queria mais números do que provavelmente vou ter, e, por Deus, queria mais números para o Augustus Waters do que os que ele teve. Mas, Gus, meu amor, você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não o trocaria por nada nesse mundo. Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados, e sou muito grata por isso."


Quem nunca desejou modificar as coisas, muda-las? É o que me faz pensar, o que seria perfeito para nós? Saúde? Amor? Tempo? E se, talvez a nossa “ insignificante vida” fosse o sonho de outra pessoa ? Você já parou pra pensar nisso ?

A culpa é das estrelas é um livro que faz você pensar, crescer e amadurecer, abrir os olhos e ver que existe um mundo ali fora, repleto de pessoas lutando para pelo menos ter a possibilidade de ter um pouco de nossa vida imperfeita. E John Green conseguiu transmitir isso com cada palavra , ele mostra o quanto a vida merece ser vivida.

“A culpa é das estrelas narra o romance de dois adolescentes que se conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o Osteossarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer – a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas.”

Diferente do que muitos pensam a história não fala sobre o câncer, fala sobre a luta pela sobrevivência, pelo amor.  Hazel e Gus me conquistaram de todas as formas possíveis, pela força, pela fé; eles acreditam no que sentem e não se negam ao prazer, muito pelo contrario, eles vivem cada segundo, aproveitando cada momento e o tornando único. John Green nos dá uma amostra de uma vida que poderia ser considerada acabada, e acima de tudo imperfeita, se transformando em algo incrível e marcante, e isso pelo simples fato de ambos nunca se negarem aos prazeres, a sempre olharem as coisas positivas, mesmo que sejam poucas.

A narrativa é descontraída, irônica, e não melancólica como muitos pensam que é o que me arrebatou ainda mais foi como o autor conseguiu criar personagens tão reais, com medos reais, sonhos reais. Não aquelas idealizações de perfeições, de pessoas corajosas que enfrentam tudo e a todos, não, ele cria personagens humanos, que sentem demais, amam demais, e ao mesmo tempo em que possuem a coragem, também possuem o medo, o que me leva a Augustus Waters, “com aquele andar cafajeste”, ele me cativou de uma maneira intensa, eu vi a transformação deste personagem, eu o vi forte, fraco, John Green me permitiu conhecer as duas faces do “herói”, um Augustus forte, bonito, sarcástico e apaixonado por metáforas e o Gus, um menino frágil, assustado e amedrontado. E sabe, eu me apaixonei pelo Gus.

John Green não nos da uma visão apenas dos personagens principais, ele não foca apenas nisso, ele nos mostra Isaac, que de longe é meu personagem preferido. Isaac é o melhor amigo de Augustus, possui um tipo de câncer muito raro nos olhos, mas eu atrevo a dizer que é impossível não ama-lo. O autor consegue trazer importância a personagens considerados secundários e nos faz ama-los e querer sempre saber sobre eles. Foi assim com Isaac .

 “ Você vai rir, vai chorar, e ainda vai querer mais”, bem é a frase mais verdadeira, não tem como não rir com os irônicos diálogos, ou sorrir com os momentos de Gus e Hazel, e não tem como não chorar, e acima de tudo não tem como você ser a mesma pessoa depois de lê-lo.