[resenha] O Príncipe da Névoa

     


   O Príncipe da Névoa é um romance juvenil escrito pelo espanhol Carlos Ruiz Zafón. O livro chegou aos leitores pela primeira vez em 1993, através de um concurso de literatura juvenil, terreno que Zafón não conhecia muito bem, mas acabou saindo vencedor. Após esse livro, Zafón também publicou O Palácio da Meia-Noite e As Luzes de Setembro, e os três juntos formam a Trilogia da Névoa. Ao escrever essa história, o objetivo de Zafón era criar um romance que um menino de 13 anos se interessasse e continuasse gostando quando tivesse 43 ou 83 anos, e acho que ele conseguiu! rs

"- As lembranças ruins perseguem você sem que precise carregá-las consigo - respondeu Maximilian Carver.''  (O Príncipe da Névoa)



   Em junho de 1943, no dia em Max Carver completava 13 anos, seu pai decidiu que era hora de se mudarem para uma cidade mais próxima ao litoral, pois a guerra já estava se aproximando da cidade grande. A família aceitou a mudança porque todos sabiam que o pai não mudaria de ideia, mas para Max não foi fácil abrir mão do universo que ele havia construído naquela cidade e ele não estava nada satisfeito com aquela ideia...
   Na viagem para a casa nova Max viu o mar pela primeira vez, e logo decidiu que a partir daquele dia iria morar apenas em lugares onde ele pudesse ver aquele brilho azul assim que acordasse, e isso o fez se animar um pouco, mas qualquer vestígio de felicidade desapareceu quando enfim chegaram à nova cidade. Para Max, a cidade parecia mais uma maquete, com suas casinhas grudadas e telhados perfeitos, mas o que o intrigou realmente foi o relógio que inexplicavelmente andava para trás e o gato de olhos amarelos que parecia esperar por eles, e logo caiu nas graças de sua irmã mais nova, Irina, que na mesma hora adotou o bichinho.
   
   A nova residência dos Carver ficava localizada na ponta mais distante de uma das praias da cidade, e havia sido construída pelo casal Richard e Eva Fleischmann anos antes. Os Fleischmann sofreram anos porque Eva não conseguia engravidar, e construíram a casa na praia para que tivessem um pouco de paz durante o verão, mas assim que se mudaram algo maravilhoso aconteceu: Eva finalmente engravidou e, com a chegada de Jacob, o casal redescobriu o significado da felicidade. Mas as coisas ficaram novamente ruins quando Jacob, com apenas 7 anos, morreu afogado na praia em frente a casa onde a família morava, com isso o casal se afastou novamente, e poucos anos depois o Dr.º Fleischmann também faleceu.

   Quando chegaram na nova casa, Max realmente pensou que poderia estar no paraíso e que a guerra era algo muito distante, até que ele achou, no fundo da casa, um jardim de estátuas de figuras circenses envoltas por uma névoa constante e marcadas por uma estrela de seis pontas. Na noite do mesmo dia, quando foram assistir os filmes caseiros que o pai havia achado na garagem, Max se assustou ao perceber que as mesmas estátuas que havia visto mais cedo, se encontravam em posições diferentes no vídeo. 
   No dia seguinte, enquanto passeava pela cidade, Max conheceu Roland, um garoto simpático que queria apenas curtir seu último verão na cidade, pois no outono seria recrutado para a guerra. Roland contou a Max que morava na cabana da torre do farol com seu avô, Víctor Kray, um engenheiro que construiu o farol após ter sido o único sobrevivente de um naufrágio. Segundo Roland, seu pais ajudaram Víctor a se estabelecer na cidade, e após morrerem em um acidente de carro, Victor passou a cuidar do pequeno Roland, eles foram morar na casa do farol e Roland já estava acostumado a passar as noites sozinho, pois sabia que seu avô adotivo ficava na torre para vigiar as embarcações e evitar que acontecesse o mesmo que aconteceu com ele. Mas esse não era o único motivo de Víctor Kray ser tão vigilante.
   Com a intenção de receber bem o novo morador da cidade, Roland convida Max para mergulhar com a ideia de mostrar o barco naufragado para o novo amigo. No dia do mergulho, Max convida sua irmã mais velha, Alicia, que parece pior do que ele com a mudança e confessa estar tendo pesadelos com um palhaço que está sempre mudando de forma. Quando Max apresenta Alicia a Roland, pela troca de olhares que durou alguns segundos entre os dois, ficou bem claro que eles criariam um laço bem mais forte do que a amizade que Max tinha com o garoto. Quando Max enfim mergulha com Roland e alcança o navio, acaba ficando em choque ao ver uma bandeira com a mesma estrela de seis pontas que há no jardim de estátuas atrás de sua casa; ao contarem para o amigo o que vem acontecendo, Max e Alicia esperam que Roland ria deles, mas este apenas balança a cabeça concordando e confessa que sonha com o mesmo palhaço desde que era criança.
   Quando os três voltam para a casa da praia no final do dia, há uma ambulância na entrada. Enquanto os três estavam na praia, a pequena Irina estava em seu quarto quando ouviu vozes saindo de seu armário, quando ela tentou sair para chamar a mãe, a porta do quarto se trancou, e então o armário se abriu para revelar o seu misterioso gato e, logo atrás dele, um par de olhos dourados e uma mão em uma luva branca que tentou agarrar a menina; logo em seguida a porta é destrancada, e Irina fica tão assustada que sai correndo e se joga do alto da escada, caindo inconsciente no último degrau. Max, Alicia e Roland descobrem que Irina está em coma, e logo percebem que o acidente tem algo a ver com os mistérios que rondam a casa, por isso decidem pedir a ajuda do avô de Roland, o senhor Kray.

   Depois de muitos anos escondendo um segredo e tentando proteger Roland, Víctor Kray decide que finalmente é hora de contar o motivo dos sonhos estranhos que o menino tem desde criança e explicar o que está assombrando a família Carver. Kray conta que tudo começou quando ele ainda era um adolescente, no fatídico dia em que conheceu o Príncipe da Névoa; o Príncipe, também conhecido como Cain, era um homem misterioso e de boa aparência que aparecia na névoa noturna das ruas mais pobres da cidade para realizar os desejos de quem estivesse por perto, mas um preço bem alto sempre era cobrado depois que as pessoas tinham seus desejos realizados. Kray não acreditava que esse que todos chamavam de Príncipe e Feiticeiro pudesse realmente ter poderes, então foi a uma das reuniões com a ideia de desmascarar o bruxo, mas assim que o viu sentiu um medo tão forte que passou a reunião inteira calado. Algum tempo depois, Kray perdeu seu amigo de infância e decidiu se afastar do Príncipe da Névoa, sem saber que estava fadado a se encontrar com ele ainda por muitos anos. Um dia, Kray decidiu seguir Cain e seus seguidores - que se passavam por uma trupe de circo - para um acerto de contas, por isso embarcou no Orpheus, e então a tempestade atingiu o navio.
   
   A história de que o terrível palhaço que os vinha atormentando era um feiticeiro convenceu Alicia e Roland, mas Max sabia que tinha algo que o velho estava escondendo. Após essa conversa, a amizade entre os três se fortificou por conta de seus medos em comum, e o amor entre Alicia e Roland floresceu. As coisas estavam bem. E Max não se lembrava de já ter visto sua irmã mais velha tão feliz. Os três passavam quase todo o tempo juntos, e quando decidiram mergulhar novamente, o terror voltou a assombrá-los; Roland estava voltando do barco naufragado quando uma figura feita de água e com traços parecidos com os de um palhaço o puxou de volta para o fundo do mar, Max mergulhou e salvou o amigo, que teria morrido se tivesse ficado mais alguns segundo debaixo d'água. Os três foram para a cabana de Roland para que ele pudesse descansar, e acabaram adormecendo; quando Max acordou, viu que uma tempestade começava a se formar, então deixou sua irmã e seu amigo dormindo e decidiu voltar para casa. Ao chegar na casa da praia, e enquanto a tempestade começava a cair, Max encontrou o senhor Kray pálido como se tivesse visto um fantasma. O senhor Kray estava desesperado por notícias de seu neto, e quando Max contou que ele quase havia se afogado, Kray finalmente contou toda a verdade...
   
   Quando estava na faculdade, Kray e seu melhor amigo, Richard Fleischmann, se apaixonaram pela mesma mulher, a bela Eva Gray. Apesar de disputarem o amor da mesma mulher, os dois mantinham a relação de amizade, até o dia em que Richard conheceu o Dr. Cain e lhe revelou seu maior desejo: o amor da mulher que amava. Richard e Eva se casaram e se afastaram de Víctor, até o dia em que Richard, desesperado, buscou o velho amigo em busca de ajuda, pois, em troca do amor de Eva, ele havia oferecido a vida de seu primeiro filho ao Príncipe. Kray seguiu Cain e embarcou no Orpheus, naquela noite uma terrível tempestade naufragou o navio, e Kray só sobreviveu porque estava escondido em um bote salva-vidas. O casal Fleischmann achou que estava seguro do feiticeiro, mas Kray não se deixou enganar, e construiu o farol para que pudesse vigiar o navio. Anos depois seus temores os alcançaram, e uma figura feita de água e com a aparência de um palhaço tentava carregar o pequeno Jacob para o mar durante uma noite tempestuosa; Kray salvou o menino, que ficou em estado de choque e esqueceu até o próprio nome, então Eva decidiu que o menino não ficaria seguro naquela casa e pediu para que Kray cuidasse dele como se fosse seu próprio filho.

   Ao perceber que Jacob e Roland eram a mesma pessoa, Max saiu em busca de seu amigo sabendo que ele corria perigo. Quando chegou à praia, o Orpheus estava novamente acima da água, envolto por uma luz forte e brilhante, Roland estava paralisado na areia, e Cain estava no barco, usando Alicia como isca. Roland nadou até o barco e, para realizar seu maior desejo, que era salvar Alicia, pagou o preço que Cain queria. No dia seguinte, a terrível tempestade já parecia bem distante da pequena cidade... Irina se recuperou e voltou para casa, seu gato estranho desapareceu, Alicia percebeu que sua vida havia mudado para sempre, e Max soube que aquele verão jamais seria esquecido. Eles finalmente alcançaram a paz que tanto desejavam.
  



   Eu fiquei completamente apaixonada por esse livro, e não vejo a hora de ler os outros livros da trilogia e todos que o Zafón já escreveu! É um livro pequeno e super fácil de ler, eu me senti super envolvida pela história e li super rápido. Amei toda a mistura do suspense com o romance, e fiquei hiper apaixonada pelo amor da Alicia e do Roland.. Um primeiro amor sempre nos conquista, não é mesmo? rs Enfim, amei os personagens, amei a história, e a cada dia eu amo mais o Zafón. Ele é incrível. *-*
   Acho que a resenha ficou um pouco grande (não consegui me controlar e saí escrevendo), mas espero que vocês tenham tido paciência de ler até o final e que tenham gostado! E, claro, eu super indico os livros do Zafón. :D


   Sinopse do livro:
   Uma casa na praia abriga um mistério inimaginável...
   Em 1943, a família do garoto Max Carver muda para um vilarejo no litoral, por decisão do pai, um relojoeiro e inventor. Porém, a nova casa dos Carver está cercada de mistérios. Atrás da casa, Max descobre um jardim abandonado, que contém uma estranha estátua e símbolos desconhecidos.
   Os novos moradores se sentem cada vez mais ansiosos: a irmã de Max, Alicia, tem sonhos perturbadores, enquanto a outra irmã, Irina, ouve vozes que sussurram para ela de um velho armário. Com a ajuda do novo amigo, Roland, Max também descobre os restos de um barco que afundou há muitos anos, numa terrível tempestade. Todos a bordo morreram, menos um homem - um engenheiro que construiu o farol no fim da praia.
   Enquanto os adolescentes exploram o naufrágio, investigam os mistérios e vivem um primeiro amor, um diabólico personagem começa a surgir: o Príncipe da Névoa, capaz de conceder qualquer desejo a uma pessoas - mas cobrando um preço alto demais... 

13 comentários:

  1. Fantástico! Gostei desse livro por envolver segredos, suspense e, principalmente, mistérios! Amo esse tipo de livro por me deixar curioso e me fazer ler cada vez mais para descobrir todos os mistérios que contém na história. A capa desse livro me lembrou muito o filme "O Orfanato". Julia, parabéns pela resenha, confesso que fiquei arrepiado haha ;)

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    1. haha Tbm fiquei mt presa a história, por isso acabei tão rápido! E não conheço esse filme, mas irei procurar. E mt obgd, espero q tenha ficado arrepiado e interessado. rs ;)

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    2. Com certeza ;) O filme "O Orfanato" me lembrou muito a capa desse livro, pois no filme tem esse mesmo farol e coincidentemente ele é de suspense e contém muuuitos mistérios hahah Recomendo ;)

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  2. Neste livro o medo que senti superou o suspense.
    Em muitos momentos senti meu corpo arrepiar e tinha vontade de jogar o livro longe, mas o medo de ter que retornar para ele depois era maior. Portanto fiquei presa à ele até terminar de ler e não me arrependi,historia super cativante!Adorei a resenha *-*

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    1. kkk O misterioso Cain tbm me deixava bem assustada em alguns trechos! Mas tbm não conseguia largar o livro.. rs E obgd, fico feliz que tenha gostado. :)

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  3. Oi Julia,
    Zafón é mesmo apaixonante. Li todos os livros do autor e posso dizer que tudo coisa que ele escreve tem esse encanto.
    Pelo que eu entendi foi o seu primeiro contato com o autor, então minha dica é que você leia "A Sombra do Vento". E a "pérola" dele, rsrs
    Beijos
    alemdacontracapa.blogspot.com

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    1. rs Oi, Mariana! Na verdade, esse foi o segundo livro que li do Zafón.. o primeiro foi O Jogo do Anjo, e gostei tanto que minha vontade de ler os outros livros dele só cresceu! Só ouço coisas boas sobre A Sombra do Vento e sobre Marina também, espero ter a oportunidade de ler todos em breve. :D

      E adorei seu blog, bjos! s2

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  4. Eu não li nenhum livro do autor ainda.... Mas é bem assim quando gostamos de um livro, vamos escrevendo, escrevendo e quando nos damos conta escrevemos quase outro livro sobre lele.... rsrsrs

    beijos
    Colecionando Livros

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    1. kkk Olá, Natana! Eu li apenas dois livros desse autor, mas posso garantir q são ótimos. ;) E é bem assim mesmo, eu começo a escrever e não consigo parar mais.. kkk

      Beeijos! *-*

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  5. Eu não li nenhum livro do autor ainda.... Mas é bem assim quando gostamos de um livro, vamos escrevendo, escrevendo e quando nos damos conta escrevemos quase outro livro sobre lele.... rsrsrs

    beijos
    Colecionando Livros

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    1. kkk Exatamente assim, Natana! E tente ler algum livro do Zafón, são incríveis. :)

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Mesmo sendo um livro voltado para crianças,
    o mistério é envolvente e a narrativa simples faz com que comece ler e não pare mais!
    Infelizmente foi o único que li do Zafón,
    espero ler algo a mais dele esse ano!

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