[Resenha] 1984


Título: 1984
Autor: George Orwell
Editora: Companhia das Letras
Nº de páginas: 414 incluindo Posfácios de Erich Fromm, Ben Pimlott e Thommas Pynchon
Lançamento original: 1949
Lançamento no Brasil: 1955
 


    Antes de começar a falar do enredo do livro, eu preciso falar o que pensava sobre ele e dizer que fui muito preconceituosa. Por se tratar de um autor intelectual da primeira metade do séc. XX, achei que a leitura teria uma linguagem super pesada, e que a história seria muito tediosa e chata. Como já adiantei, fui super preconceituosa, e estava completamente errada; a história é super interessante e extremamente bem elaborada, fazendo com que seja impossível não fazer comparações e reflexões sobre o mundo atual. Então, vamos à resenha!!!

Guerra é Paz
Liberdade é Escravidão
Ignorância é Força
    Para entender a sociedade...
    A história de 1984 é de certa forma um futuro distópico, porque foi escrito em 1948. Neste novo mundo, os continentes são divididos em três superestados e áreas de disputa. O primeiro estado é a  Eurásia que inclui a parte norte da Europa e Ásia, o segundo é a Lestásia que inclui a China e países sul desta e, Oceânia, que é o terceiro e inclui as Américas e ilhas Atlânticas e Britânicas, Oceania e sul da África. Este último superestado é onde se passa a nossa história, mais especificamente em Londres.

Imagem tirada do site Wikipédia ilustrando a divisão dos superestados

    Oceânia é governada pelo Socing (Socialismo Inglês), e seu grande líder é o Grande Irmão (Big Brother). A população é dividida em três classes: Alta, que é composta pelos membros do partido interno incluindo o Grande Irmão; Média que são os membros do partido que trabalham para o Socing nos ministérios; e Baixa, que é o proletariado, que ficam com o trabalho pesado e sujo e compõem 85% da população. 
   Nada em que se acredita no livro pode ser considerado verdade, pois a história é constantemente modificada pelo Ministério da Verdade, que é responsável pelo entretenimento (músicas, filmes), notícias, educação (livros) e etc. 


    A população é constantemente vigiada e manipulada pelo partido. Em todo lugar que se vai, qualquer mesmo, desde o mais provável, até aquele que se acredita estar completamente seguro,  se está sendo observado. Existe a Teletela, uma espécie de televisão com a capacidade de observar cada movimento feito, ouvir cada palavra dita, examinar cada expressão que pareça suspeita e represente uma ameaça ao partido.
    Quando não tem a Teletela, existem cartazes espalhados em todos os lugares, de forma que mesmo que ele não te observe, você tem a sensação de ser vigiado. E, mesmo quando não existem os cartazes, você pode ser ouvido. Se mesmo assim, você não puder ser ouvido, a polícia das ideias pode estar disfarçada, te perseguindo sem você saber. Até as crianças são ensinadas nas escolas a denunciarem seus pais e vizinhos se parecem suspeitos.
    Quando se comete um crime contra o partido, quem o fez torna-se uma impessoa, ou seja, qualquer registro que se tem dela desaparece ou é alterado, inclusive as pessoas que conviviam ou conheciam ela não se pode mais comentar sobre, pois ela jamais existiu. Ser inteligente demais é uma ameaça, se lembrar demais é uma ameaça, ser feliz demais é uma ameaça, mudar de rotina é uma ameaça, tudo é uma ameaça ao partido. Afinal, o Grande irmão está de olho em você!
"O Grande Irmão está de olho em você"
     Em Oceânia, existem quatro ministérios. O Ministério da Verdade que além de ser responsável pelo entretenimento e noticias, manipula dados e informações. O Ministério do Amor é o que mantém a ordem e as "leis" (não existem leis efetivamente, mas cada um tem consciência do que é perigoso ou não praticar), caso elas sejam desobedecidas, são aplicados tortura e morte. O Ministério da Paz é responsável pelas guerras, ora contra a Eurásia, ora contra a Lestásia. O ministério da Pujança (fartura) é o ministério que cuida da economia do Estado, sendo que na maioria das vezes o que o ministério faz é o racionamento de bens de consumo, mesmo assim a população é manipulada a acreditar que houve o contrário.
    Não se sabe se o Grande Irmão é mesmo uma pessoa, ou se somente representa o partido. Dá-se a entender que é somente um símbolo de apego e esperança para a população.

   Sobre o protagonista...
    Em meio ao contexto, Orwell conta a história de Winston Smith, um homem sozinho de 39 anos da classe média, que trabalha para o Ministério da Verdade reeditando documentos e periódicos. Winston, ao contrário da maioria esmagadora das pessoas, não consegue acreditar em tudo o que o partido prega e, em sua mente comete constantemente crimes contra o partido. Ele odeia sua vida e gostaria que tudo aquilo acabasse, pois ele não tinha direito à privacidade nem em sua mente. Vivia uma vida medíocre, se alimentando da pior maneira e ao mesmo tempo tendo que agradecer ao partido pela generosidade.
    Winston é apaixonado por Júlia, uma bela mulher de 26 anos que trabalha no Departamento de Ficção no mesmo ministério que ele. Júlia fazia parte da Liga Juvenil Antissexo, e apesar de Winston ser apaixonado por ela, Júlia representava uma ameaça para ele pois estava completamente envolvida com os deveres do partido. 
Winston conseguia transferir seu ódio ao rosto que aparecia na tela para a garota do cabelo escuro sentada logo atrás (Julia). Alucinações vívidas, belas, passavam-lhe pela mente. Haveria de golpeá-la até a morte com um cassetete de borracha. Haveria de amarra-la nua em uma estaca e depois alveja-la com flechas, como São Sebastião. Haveria de violenta-la e no momento do clímax cortaria sua garganta. De mais a mais, agora percebia mais claramente que antes por que a odiava. Odiava-a porque era jovem e bela e assexuada, porque queria ir para a cama com ela e nunca o faria, porque em torno de sua adorável cintura flexível que parecia lhe pedir que a envolvesse com o braço havia apenas a odiosa faixa escarlate, símbolo agressivo da castidade.
    
    Ao decorrer da história, Winston observa várias pessoas desaparecerem, fatos serem modificados a todo instante pelo partido, mentiras se tornarem verdade. Winston descobre também que Júlia estava apaixonada por ele, e que apesar de fazer parte da Liga Juvenil Antissexo, burla a todo instante as regras da liga. Imediatamente após descobrir, Winston fica fascinado por ela, tanto por pensar como ele, quanto por praticar e ter orgulho de algo que ele não tinha coragem: confrontar o partido.
    Apesar de se amarem eles jamais poderiam ficar juntos. Primeiro por que o partido não liberava casamentos por amor, somente para terem filhos para servirem ao partido; segundo porque Winston era legalmente casado porém sua esposa havia desaparecido por que não tiveram filhos. 
    O resto da história eu não posso contar porque já seria Spoiler, mas adianto que tem traição de quem se menos espera, tortura, sumiço de pessoas e etc.


Quanto a adaptação...
    Sinceridade total! Não vi o filme todo. Certa madrugada eu estava zapeando a tv e vi passando no Telecine Cult, e o pedaço que vi se parecia bastante com o livro, então não deve ser tão ruim assim.

Dicas!
    Fiquei chocada quando li o livro e contava que até as crianças eram ensinadas a seguir piamente as doutrinas do partido e eram incentivadas a denunciarem seus próprios pais se eles parecessem suspeitos. Obs.: As crianças do livro são umas pestes. Então a dica é a música Another Brick in the Wall do Pink Floyd.

Outra coisa que esqueci de falar...
    Pra quem não reparou, o reality show Big Brother foi inspirado no Grande Irmão, fazendo alusão às pessoas estarem sendo vigiadas 24h por dia e não terem mais sua privacidade.

 E ai, o que acharam da resenha? Se você leu ou não o livro, quero muito que deixe sua opinião. Até se não gostou da resenha deixe sua opinião. 

20 comentários:

  1. Adorei a resenha, Ana. Me deixou com muita curiosidade! Eu já conhecia o livro mas não esperava uma história tão complexa quanto a que você disse, embora seja típico do autor, afinal, eu já li ''a revolução dos bichos'' e trás uma crítica social muito bacana também.
    Um beijo!
    jogueodado.wordpress.com

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  2. Ana, eu amo esse livro! E adianto: Seu preconceito com ele com toda certeza se estende para muitos outros. "Quem lê o mesmo que todo mundo lê acaba pensando o mesmo que todo mundo pensa", disse um autor do qual eu gosto muito chamado Haruki Murakami. Nosso crescimento só acontece quando forçamos a barra, saímos da nossa zona de conforto e encaramos coisas novas com a cabeça mais aberta, que foi justamente o que você fez com 1984. Parabéns! :)
    Aliás, o autor que eu citei tem uma série chamada 1Q84, inspirado no livro do Orwell. Vale muito a pena conhecer, os livros são realmente muito bons, com ótimos personagens e trama. Além de ser mais atual, e ter uma pegada completamente fantástica.
    Te espero lá no meu blog: www.literasutra.com
    Um abraço,
    Mona

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  3. Oi tudo bem?
    Já li este livro há algum tempo e fiquei com um sentimento que não saberia explicar em palavras,
    Adorei sua resenha.
    Bjus

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  4. Tem muito tempo que li esse livro. muito bom. super recomendado!
    Acho que a história dele continua atual, a mensagem dentro do discurso ideológico. Muito bom para trabalhar me sala de aula.
    http://poesianaalmaliteraria.blogspot.com.br/

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  5. Oi, é uma distopia né?
    Então se eu te disser que ainda não li o livro,
    pois tinha a mesma impressão que você tinha antes de lê-lo?
    Agora, fiquei curiosa e quero o ler para perder esse preconceito que nutria em minha mente.
    Obrigada pelo esclarecimento.
    ♫ Conversas de Alcova ♫

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  6. Olá, Ana.

    Tenho grande interesse em ler 1984, já sabia que era uma distopia. Quero saber como o autor imaginava nossa vida em 1984 e se o que ele imaginou é parecido com nossa realidade. Espero em breve conferir. Saber que a leitura não é tediosa me deixou bem feliz.

    Beijos.
    Visite: Paradise Books // Participe: Top Comentarista

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  7. Oii, tudo bem?
    Não fazia ideia que o livro se tratava de uma distopia, fiquei bem curiosa para saber como foi que o autor imaginou a sociedade na época.
    Esse partido é bem FDP hein?
    Ensinado até as crianças a denunciarem os próprios pais!
    Adorei a dica da música <3
    Bjs

    http://a-libri.blogspot.com.br

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  8. Nossa, eu sempre tive curiosidade sobre esse livro, e também pensava ter uma linguagem pesada. Que bom que você me esclareceu isso, esse livro já tava na minha lista, agora fiquei com mais vontade de lê-lo!

    http://ocasulodasletras.blogspot.com.br/

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Este com certeza é o primeiro pensamento quando nos deparamos com livros deste gênero. Que bom que você deixou o preconceito de lado e leu, assim teve uma boa experiência.
    Bjs, Rose

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  11. Oie tudo bom? Nossa que resenha completa achei muito bacana, nao só a pesquisa mas como sua sinceridade a forma como falou do livro. Parabéns, eu me interessei muito pelo livro e ja inclui na minha lista enorme hahah bjos

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  12. Olaaa
    Parece ser um livro bem interessante e inteligente, acho que tem que ter bastante paciência para ler esse tipo de livro e espero tentar daqui um tempo e gostar da experiência pois só ouço elogios, então, deve ser bom.
    Ótima resenha.

    Beijos
    Reality of Books
    Catharina

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  13. Oiee Ana! Sabe que eu sempre tive vontade de ler esse livro, mas eu pensava com vc, tinha medo de não e de ser uma leitura mega complicada. Mas, agora, você tirou essa neura da minha cabeça e assim que tiver uma oportunidade lerei esse livro, pois sou apaixonada por distopias, sendo assim ele é uma leitura obrigatória haha. Beijão, adorei a resenha, vc arrasa escrevendo! Seguindo e curtindo o blog!

    www.gabrielletavora.com

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  14. oi, tudo bem?
    Sou doida para ler esse livro, parece ser incrível mesmo! Mas agora não é um bom momento. Só consigo ele em uma edição mais antiga, na biblioteca, rs, e estou numa fase alérgica :(.
    Eu já li A revolução dos bichos, do autor, e amei!
    beijos
    meumundinhoficticio.blogspot.com.br

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  15. Oii Ana...

    Sabe, vou confessar que esse livro sempre me chamou a atenção, mas ficava com receio por nao ser a mais culta das pessoas de não conseguir entender bulhufas do que o autor fala kk Ainda bem que vc tirou essa imagem.
    Sua resenha foi muito boa e sucinta, parabens

    beijos
    http://livrosetalgroup.blogspot.com.br

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  16. Oie, flor!
    Caraca. Que livro perfeito deve ser! Sua resenha foi completa e detalhada demais! Já tinha ouvido falar do George e sempre quis ler 1984 e A Revolução dos Bichos. Provavelmente serão minhas próximas compras. O mais legal de tudo será ler 1984, uma distopia tão antiga, e compará-la com os dias atuais para ver o que se repete, o que foi profetizado - como o Big Brother. Amei.
    Com carinho,
    Celly.

    Me Livrando ❤

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  17. Olá!
    Fiquei bastante tempo querendo ler este livro, até que meu professor de política me contou o final e eu desanimei um pouco.
    Para ajudar a acabar com toda a surpresa ele ainda levou o filme para assistirmos na aula. Hahaha

    Mas ainda vou ler, assim que eu esquecer os comentários dele.

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  18. Oiee, tudo bem?

    Esse livro é quase o pai das distopias. Tenho muita vontade de lê-lo, mas por enquanto quem está fazendo as honras é o meu namorado. Ele disse que é um pouco dificil de entrar no clima do livro no inicio, mas que a história é muito boa, como vc mesma achou =) Só é engraçado ver como no livro o ano distópico era 1984... algo que para nós é totalmente antigo.

    beijos
    Kel
    www.porumaboaleitura.com.br

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  19. Oie
    Já ouvi falar muito desse livro e to querendo pegar pra ler.
    A história dele me interessou muito e fiquei curiosa.
    Gostei da resenha, ta bem escrita e foi bem elaborada, parabéns

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  20. Nossa deu vontade de ler esse livro! amei a resenha

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